Atualizado em 20/03/2024.

As condições climáticas provocadas pelo fenômeno El Niño causaram efeitos significativos nas regiões produtoras de soja no Brasil na safra 2023/24, acarretando diversos desafios, do plantio à colheita.

Em virtude do menor volume de chuvas na região central, Norte e Nordeste, e do alto volume enfrentado na região Sul, diversos órgãos de pesquisa, como a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), corrigiram as perspectivas de produção da oleaginosa no país.

Segundo o 6º Levantamento da Safra 2023/24 da Conab, a área cultivada com soja no Brasil alcançou 45.177,9 mil hectares, o que representa um aumento de 2,5% em relação à safra passada.

No entanto, a média de produtividade prevista para a safra brasileira 2023/24 de soja é de 3.251 kg/ha, 7,3% inferior ao registrado na safra anterior. O volume total de produção deve registrar uma queda de 5% em comparação à safra passada, com a produção de 146.858,5 mil toneladas.

Fonte: Conab – Boletim de Safras – 6º Levantamento – Março/2024.

Andamento da colheita da safra de soja 2023/24

Com o plantio finalizado em todas as regiões produtoras, as atenções se voltam majoritariamente às operações de colheita, que tiveram início ainda em dezembro em áreas mais precoces do Mato Grosso.

A antecipação na colheita se deve aos efeitos que as altas temperaturas e a seca – observados em algumas regiões, principalmente no Centro-Oeste – têm sobre o ciclo de desenvolvimento das plantas. Muitas vezes, as condições de estresse provocam uma aceleração no ciclo da cultura, reduzindo o período de desenvolvimento e crescimento vegetativo e resultando em um ciclo mais curto.

Conforme o acompanhamento publicado pela Conab no dia 12 de março, 55,8% das lavouras brasileiras de soja da safra 2023/24 já foram colhidas.

Com relação à fenologia das lavouras, 18,8% encontram-se em fase de maturação, 20,3% em fase de enchimento de grãos, 3,9% estão em florescimento e as lavouras mais tardias, ainda em desenvolvimento vegetativo, somam 1,6% da área dedicada à cultura.

Fenologia das lavouras e andamento da colheita da safra de soja 2023/2024. Fonte: Conab, 12 de março de 2024.
Fenologia das lavouras e andamento da colheita da safra de soja 2023/2024. Fonte: Conab, 12 de março de 2024.

Mato Grosso

As chuvas desaceleraram o ritmo da colheita e aumentaram a umidade dos grãos, porém dentro dos limites. Quase 89% da área semeada já foi colhida

As áreas colhidas mais recentemente, beneficiadas por chuvas regulares desde dezembro, apresentaram maior produtividade do que as colhidas em janeiro, afetadas pela escassez de água inicial. 

A qualidade dos grãos, em geral, está dentro dos padrões aceitáveis, mas algumas amostras têm mostrado peso inferior à média devido à falta de água em momentos importantes durante o crescimento das plantas. 

O relatório também ressalta que as regiões que adiantaram o ciclo das lavouras de soja  estiveram mais vulneráveis às oscilações climáticas, resultando em rendimentos inferiores comparados a safras anteriores devido ao atraso na regularização do clima.

Paraná

No Estado do Paraná, as chuvas interromperam a colheita das áreas mais avançadas. O relatório da Conab mostra que 52% da área já foi colhida.

No início do ciclo, a cultura da soja sofreu impactos significativos no Paraná. O plantio de diversas áreas ocorreu de forma atrasada em função, principalmente, do excesso de chuvas que ocorreu até novembro. Além disso, foi necessário realizar o replantio em algumas áreas devido à erosão que ocorreu também por conta das fortes chuvas.

Mato Grosso do Sul

Com a antecipação do ciclo causada pelo estresse hídrico, a colheita avança com rapidez no Estado, atingindo 78%. Houve uma melhora climática na segunda quinzena de fevereiro, o que favoreceu aproximadamente 20% da área de soja que ainda se encontra na fase reprodutiva. 

São Paulo

Em São Paulo, a colheita atingiu 65% da área e tem apresentado produtividade abaixo do esperado devido às condições climáticas adversas que ocorreram durante o cultivo, com chuvas irregulares e ondas de calor extremo. Isso tudo provocou não só atraso no plantio, mas também a necessidade de replantio em algumas áreas.

Além disso, as altas temperaturas registradas em novembro provocaram floração precoce, o que impactou negativamente a produtividade das lavouras, principalmente aquelas com cultivares mais precoces.

Goiás

No Estado, principalmente na região sudoeste, observa-se um avanço expressivo na área colhida, totalizando 63%. As lavouras em fase de finalização de ciclo apresentam boas condições.

Demais Estados

  • Rio Grande do Sul: as chuvas esporádicas contribuíram para um desenvolvimento favorável. A maioria das áreas está enfrentando incidência de doenças, com destaque para a ferrugem-asiática. O início da colheita tem sido gradual.
  • Minas Gerais: 45% das lavouras colhidas, progredindo mais rápido que no ano passado, devido ao encurtamento do ciclo, apesar de chuvas que reduziram a velocidade da colheita.
  • Bahia: as lavouras estão com bom desenvolvimento, com qualidade e produtividade superiores à estimada inicialmente e colheita atingindo 15% da área cultivada. 
  • Tocantins: colheita se encontra em 55%, com o clima favorecendo as operações e as lavouras em boas condições de sanidade.
  • Maranhão: a colheita segue avançando, apesar da ocorrência das chuvas na região Sul. Nas demais regiões, as lavouras estão se recuperando em razão da estabilidade das chuvas. A área colhida chegou a 37%.
  • Piauí: grande parte das lavouras se desenvolvem em boas condições. A colheita, que está em apenas 6%, está avançando, mas há paralisações em função das chuvas em algumas áreas.
  • Pará: as chuvas favorecem o desenvolvimento das lavouras, mas atrapalham as operações de colheita, que está em 18%.

Santa Catarina: a ocorrência de períodos com altas temperaturas e de chuvas irregulares causaram impacto negativo na sanidade e na qualidade das lavouras. A colheita segue em andamento, com 12% da área colhida.

Efeitos e projeções do clima na safra 2023/24 de soja

Os eventos climáticos provocados pelo El Niño afetaram de forma significativa o ciclo da soja nas diferentes regiões do país, tornando a obtenção de previsões para a safra 2023/24 um desafio para produtores e técnicos.

O excesso de chuvas no Sul atrasou o plantio e gerou problemas na realização dos tratos culturais, uma vez que muitas áreas sofreram erosão, o que causou a perda de nutrientes do solo. Em outras áreas, o estande de plantas foi prejudicado com as fortes chuvas, sendo necessário o replantio. Áreas de baixada também sofreram com alagamentos.

Por outro lado, nas demais regiões, as chuvas foram irregulares e insuficientes, além de terem enfrentado altas temperaturas. Por isso, houve atraso no plantio, bem como morte de plantas, abortamento de flores e vagens, redução do porte de plantas e antecipação da colheita. Dessa forma, nessas regiões, também foi necessário o replantio de extensas áreas.

Além disso, o alto volume de chuvas e a maior umidade relativa do ar associada a temperaturas mais altas gerou desafios quanto ao manejo fitossanitário das lavouras. Essas condições são ideais para a ocorrência de diversas pragas e doenças, como a ferrugem-asiática e o percevejo-marrom (Euschistus heros).

Para a próxima semana, o Informativo Meteorológico N°7/2024 prevê pancadas de chuva em todos os Estados do Centro-Oeste e do Sudeste, principalmente RJ, ES, MG, DF e GO. Em MS e SP, a previsão é de menores acumulados de chuva.

Para a região Sul, a previsão é de chuva maior que 50 mm em todos os Estados, com exceção do extremo sul do RS, onde deve chover pouco. Nas regiões Norte e Nordeste também estão previstos acumulados maiores que 50 mm.

Por termos lavouras muito irregulares quanto aos estádios de desenvolvimento, os fatores climáticos extremos ainda podem refletir de formas variadas.

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